Dez anos




O Tribuna das Ilhas assinala hoje, 19 de Abril, o seu 10.º aniversário.

Dez anos na vida dos nossos leitores, dez anos a noticiar as nossas ilhas, dez anos a informar, dez anos a tentar contribuir para o desenvolvimento da nossa terra e das nossas gentes.

Dez anos a fazer história...

Este aniversário teve, todavia, um sabor amargo. Não relacionado com o facto de todos os dias se falar da crise da imprensa, não por estarmos, dia após dia, edição após edição, a lutar contra a crise.

Sim, porque isso preocupa-nos mas não nos desarma... não vamos sucumbir perante artigos na imprensa internacional sobre a crise da imprensa, encerramento de jornais, despedimento de jornalistas, diminuição de tiragens...

Aliás, consideramos que o jornalismo é um bem público, que deveria ser considerado da mesma forma como se considera a educação, saúde pública, o transporte, entre outros.

Foi um aniversário amargo porque vimos partir uma pedra basilar deste jornal.

Falamos do Professor Fernando Manuel Melo, picoense de berço, mas faialense de coração.

Homem do ensino, da literatura e do jornalismo, foi um dos fundadores da cooperativa cultural IAIC e do semanário Tribuna das Ilhas.

O seu gosto pelas palavras manifestou-se cedo e acompanhou-o ao longo de toda a sua vida.

Publicou alguns trabalhos literários em jornais locais, principalmente poesia, e é autor de dois livros. O primeiro “Fragmentos da Memória”, foi publicado em 1993.

Seguiu-se “A prenda de Natal e outras histórias”, 10 anos depois. Antes de adoecer estava a trabalhar numa terceira publicação que, por diversas vezes nos confidenciou, “é algo que tenho que fazer antes de fazer 80 anos”.

Infelizmente, partiu antes de conseguir completar essa missiva...

Não podemos deixar de lembrar hoje, nesta nossa coluna, anos a fio protagonizada pelos seus escritos, este homem que grande contributo deu ao jornalismo açoriano.

Actualmente era editor no Tribuna das Ilhas e um acérrimo e convicto defensor da imprensa local, a sua partida deixa, indubitavelmente, mais pobre o jornalismo açoriano e o jornalismo faialense.

Era notável  a sua persistência e capacidade de lutar pelas coisas em que verdadeiramente acreditava.

“Deus só leva os que ama”, assim escreveu o poeta... é um momento de dor, de perda, de vazio... e, para que seja mais fácil enganarmo-nos pela sua ausência, vamos pensar que ele está sempre ali a ouvir no nosso imaginário as coisas que, sabiamente nos dizia.

Não vamos chorar a sua partida porque, conhecendo um pouco das suas ideologias temos a certeza de que não quereria que o chorássemos com a certeza da partida, mas com a alegria de quem estará sempre presente.

Vamos ainda, e em jeito de homenagem, levar por diante esta nossa missão de dar à estampa, semana após semana, as nossas páginas, prosseguindo um sonho que também era dele.

Obrigado Professor Fernando Melo e até sempre.

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